domingo, 26 de dezembro de 2010

Confabulações dentro da pequena árvore I

Vou dizer-lhe uma verdade: a vida dá muitas voltas e nunca sabemos onde iremos parar. Mas que grande bobagem. Quem ainda não ouviu algo parecido? Quem é que não sabe disso? Comentário piegas e pobre! Sabes escrever ou não? De certo enlouqueceu de vez, perdeu o censo do ridículo para vir falar-me tamanha bobagem. O pior é que sou sempre obrigada a ouvi esses malditos discursos pseudo-intelectuais, filosofias de bolso, ideologismos falsos e vazios. Por repetidas vezes os ouço sem a menor questão de entender, se quer, uma palavra. É porque a razão lhe impede de sentir esses humildes e generosos dizeres. Ficas presa em seus mundos e submundos sem que abras a percepção para aquilo que está a sua volta. Somente vais, seguindo a maré passivamente. És Baixa. És baixa a expectativa que tens de tudo, pois não te arriscas a olhar em volta. Só o que vejo é um grande monte de nada. Nada que faça sentido e inspire um olhar mais atento. Palavras soltas, versos perdidos e frases sem nexo. Essa viseira enorme que estás usando, não lhe permite ver além. Só enxergas a superfície, rasa, e clara. Olhe além dessa calmaria, dessa languidez e verás algo, algum dia, talvez. Pára! Cansei-me de ouvir essas loucuras. Loucuras? Louca és tu que vive nesse lugar. Escuro, sem luz e sem ar. Venha, venha comigo. Não. Mas nem ao menos irás tentar? Nunca! Deixes isso para trás. Foi tua vida até agora, bem sei, é o que conheces, e lhe parece seguro, estável, confortável, mas é pouco. Sei que há mais dentro de ti e fora também. Basta olhar. Vem comigo. Não! Não posso. Tenho muito que fazer aqui, ainda. Há pessoas me esperando. Esperando? E o que estás fazendo? Esperando. Ah que vida medíocre, só esperas. Não ages, não te movimentas. Permaneces aí. Inerte como um vegetal, sugando da terra sua energia. E que terra é essa? Será que ela tem tudo que realmente precisas. Que acharias de ser uma grande árvore em outro lugar? Não me interessa. E o que lhe interessas? Ficar aí? E o mundo, e a vida? E tudo o que existe e que nunca conhecerás enraizada neste mesmo local, como um pequeno arbusto que nunca floresce. Mas aqui está bom. Está tranqüilo, nunca venta, chove apenas o suficiente e o sol vem, vez ou outra. Conheço caminhos de tempestades, mas que possuem os dias mais ensolarados e quentes. Com grandes árvores frondosas e carregadas de doces frutos. Não me incomoda o amargo. ... Posso levar-te comigo, mas preocupa-me a demora, temo que estejas presa demais quando quiseres partir. Tens que ir agora. Agora não. Acho que nunca. Estou bem. Peço-lhe para que pares de repetir essa mentira. Mentira? Porque julgas que o que digo é uma mentira? Já estiveras aqui? Sabes como é bom e seguro, agradável e tranqüilo? Porque, meu Deus, eu haveria de trocar a calmaria por torrenciais? Desista. Não mover-me-ei. Não desistirei, eu jamais desisto. Perdes seu tempo. Nunca. O tempo não pode ser perdido ele é, de uma forma ou de outra, vivido, e viver não é perda de tempo. Ou é nisso que acreditas? Não. Creio que viver é normal. Uma condição que nos é imposta, simplesmente. Normal e imposta, sim, mas porque então não se deliciar com essa natural imposição? Porque não viver mais e intensamente, já que não temos escolha. Viver diferente a cada dia. A rotina impregna a vida de atuações sem significado, de ações e reações automatizadas que fazem com que ela passe cada vez mais acelerada. E quando ela acabar? Não sentirás o vazio de não ter feito mais, ido além? Pode ser. Então, vamos? Eu disse: “pode ser” não disse que isso me incomodava, afinal, quando ela acabar não estarei mais apta a questioná-la, pois não existirei. Então fique aí. Com os pés cravados na terra, alimentando-se dela como um parasita, sem qualquer contribuição, para nada nem para ninguém. Permaneça com sua vida vazia, de pensamentos soltos, sem objetivo, sem finalidade, sem destino, sem futuro. Chega! Cansa-me ouvir tudo isso. Sinto-me enfadada hoje. Ótimo, deixá-la-ei em paz. Hoje.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Blues da Piedade

(Frejat/Cazuza)

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas


Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm


Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia


Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada


Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem


Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça


Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Quando a Chuva Passar

(Ramón Cruz)














Pra que falar? Se você não quer me ouvir. Fugir agora não resolve nada, mas não vou chorar se você quiser partir. Às vezes a distância ajuda e essa tempestade, um dia, vai acabar. Só quero te lembrar de quando a gente andava nas estrelas, nas horas lindas que passamos juntos. A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza, a nossa história não termina agora e essa tempestade um dia vai acabar. Quando a chuva passar, quando o tempo abrir, abra a janela e veja: Eu sou o Sol. Eu sou céu e mar. Eu sou seu e fim e o meu amor é imensidão. Só quero te lembrar de quando a gente andava nas estrelas. Nas horas lindas que passamos juntos. A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza, a nossa história não termina agora, pois essa tempestade, um dia, vai acabar.

Outro trem

Vou pegar o primeiro trem,
pra qualquer lugar no futuro.
É melhor esperar sozinha
e mesmo que demore vou ficar aqui comigo.
Pra não me perder.

















Não importa pra onde vai o trem,
desde que vá pra longe.
Espero que os queridos também estejam lá,
quando eu chegar.
Talvez demore um pouco,
mas posso ir apreciando o caminho.

Dado mágico


Existem momentos em que a gente deseja poder jogar um dado mágico e descobrir o caminho certo a seguir. Algumas pessoas acreditam que o caminho certo é o do coração, escutar o coração seria o melhor, ele tem todas as respostas. Mas é difícil acreditar nele, quando já se foi levado a sofrer tanto por escutá-lo. Então, escutemos a razão. O que é mais prudente? Qual é o caminho mais fácil e, provavelmente, menos colorido? Pensando assim fica fácil a resposta: a solidão. Simples, porém vazia. Nela se encontra a paz, uma paz triste, mas paz. Não há brigas, questionamentos, ciúmes, inveja, traição, desilusão. Mas há vazio, não há cor, alegria, risos, beijos, carinho, olhares, colo, abraço. A solidão é como um dia de feriado chuvoso, cinza, quando não se tem vontade de sair de casa, há um silêncio ensurdecedor lá fora e aqui dentro. Pode se ouvir os passarinhos, mas não se tem vontade de ir vê-los. Como alguém poderia ser louco o bastante pra escolher esse caminho? Mas é que dizem que com o tempo você se acostuma com esse silêncio, com esse vazio, e aí tudo fica mais tranqüilo. Você aprende a viver de outro jeito, mais independente, se transforma em uma pessoa e não em parte de alguém ou de algo que sente. E o melhor disso tudo é que, dizem, que quando se encontra seu eu o coração começa a bater diferente, mais livre, mais destemido, mais feliz. Nesse momento, e só nesse momento, é que tudo pode recomeçar. Aí sim alguém pode surgir pra completar um ser que já é inteiro. Porque sua outra metade está sempre dentro de você, não pode ser encontrada do lado de fora. É preciso procurá-la, e pra isso serve a solidão.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Soledad
(jorge Drexler)

Soledad
Aqui están mis credenciales
Vengo llamando a tu puerta
Desde hace un tiempo
Creo que pasaremos juntos temporales
Propongo que tú y yo nos vayamos conociendo.

Aquí estoy
Te traigo mis cicatrices
Palabras sobre papel pentagramado
No te fijes mucho en lo que dicen
Me encontrará
En cada cosa que he callado

Ya pasó
Ya he dejado que se empañe
La ilusión de que vivir es indoloro
Que raro que seas tú
Quien me acompañe, soledad
A mi que nunca supe bien
Cómo estar solo

sábado, 25 de setembro de 2010

Levitar

Às vezes me parece que um pouco de calmaria, paz, tranqüilidade, sossego, só é possível na solidão. Coração palpitando demais é sinal de aflição, ansiedade, desconforto. Às vezes é preciso fazer com que ele pulse lento, para descansar. O difícil é perceber isso, entender que ficar sozinho não é ruim, não é sinal de tristeza, fracasso, ou de que há algo errado. Quem foi o idiota que disse que o “feliz para sempre” tem que ser acompanhado? Porque não ser feliz para sempre consigo mesmo? Assim, as pessoas poderiam ir e vir sem que carregassem o peso de serem responsáveis pela felicidade, ou não, do outro. Assim, haveria mais tolerância, menos pressão, menos incomodo. Mais leveza!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Planeje ser pêgo de surpresa!

"Estamos sempre planejando coisas. Planejamos o que vamos fazer na faculdade, onde vamos trabalhar. Planejamos a festa que vamos ir no próximo sábado. Planejamos aquela viagem, aquela dos nossos sonhos e pensamos em tudo (onde vamos ficar, os passeios que vamos fazer, quando vamos voltar), para que nada dê errado. Planejamos nos casar na igreja de véu e grinalda, ou então numa praia ou em qualquer outro lugar.
E planejamos até a pessoa com quem vamos nos casar. Ele tem que ser bonito, fiel, divertido, alto, perfeito. Um verdadeiro príncipe encantado. Planejamos o nosso dia assim que acordamos. Levantar, tomar café, escovar os dentes, ir pra escola, almoçar, sair com os amigos e assim até a hora de dormir.
Planejamos muitas coisas durante o dia e durante a nossa vida. Só esquecemos que essas coisas mudam e que nem tudo é do jeito que a gente imagina. De uma hora pra outra, tudo pode mudar. Nossos sonhos podem mudar, nossos rumos, nossas ideias. Tudo.
Ao virar uma esquina as coisas mudam, ao pegar outro ônibus as coisas mudam, ao abrir os olhos e levantar da cama tudo muda. Nós mudamos. Em um instante tudo pode dar errado, mas talvez depois a gente perceba que esse era o jeito certo de as coisas acontecerem.
Então, planeje. Planeje sua vida, planeje seu futuro, planeje o que você vai fazer amanhã. Só não esqueça de planejar ser pego de surpresa. Pois num piscar de olhos, sua vida pode mudar." (Eu, meu irmão e nossa namorada)

Dois na solidão

Com quantas qualidades se faz um motivo de orgulho? Que qualidades são essas? São minhas ou são suas? Talvez tenha nascido pra ser algo que nunca será. E o medo é grande de decepcionar quem se ama. Seu único grande e verdadeiro amor, só ele importa, nada e ninguém mais. Perceber que nunca será digno daquilo que dele recebe, dói. Querer alcançar o modelo ideal não basta, sonhar com ele por anos não é o suficiente. Ele está cada vez mais distante. Nunca o viu de perto, mas agora não vê nem ao menos seu vulto. Assim, se afasta do amor maior, que também está cada vez mais longe, e, às vezes, a saudade faz parecer que não está mais aqui. Quer recuperar, mas não sabe como, e, simplesmente, não se acha merecedor. Então, se tranca em seu mundo secreto, tão perto e tão longe, sonhando com o momento em que poderá senti-la mais uma vez, como no primeiro dia. Não é bom pra ninguém que seja assim, o amante e o ser amado padecem, se distanciam e se isolam. Choram em segredo, sofrem sem palavras e rezam para que ainda não seja tarde demais.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mais uma bela canção...

Todo amor que houver nessa vida

(Cazuza)


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia


E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia


E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Inoportuna
(Jorge Drexler)

Quien no lo sepa ya

lo aprenderá de prisa:
la vida no para,

no espera, no avisa.
Tantos planes, tantos planes
vueltos espuma
tu, por ejemplo,
tan a tiempo
y tan
inoportuna


Eran más bien los días
de arriar las velas.
Toda señal a mi alrededor
decía: cautela.
Cuánta estrategia incumplida
aquella noche sin luna
tu, por ejemplo,
tan bienvenida
y tan
inoportuna


¿Quien sabe cuándo,
cuándo es el momento de decir: ahora?
Si todo alrededor te está gritando:
¡Sin demora, sin demora!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Às vezes é preciso...

A gente “segura a onda”, mas às vezes é preciso chorar. É preciso admitir: perdi! Fiz algo de errado ou não fui boa o bastante. Pensamentos bobos que não são reais, não fazem sentido, mas existem e é bom olhar pra eles e chorar. Melhor que, mais uma vez, tentar ser racional e ver que, simplesmente, não deu certo, não era pra ser, que se merece algo mais, ou foi melhor assim... Porque no fundo você sabe que não foi...Você quer tudo de novo, quer mais uma chance, quer ela de volta! Seja como for. Quer aquele sonho, aquela pessoa que, na verdade, não existe, mas por quem você se apaixonou. Quer de volta aquele olhar, aquele beijo, aquele carinho, que por menor que parecesse naquele tempo, agora parece muito. E esse muito parecia tão pouco... Quer o cheiro de volta, a vontade de te ver de volta, a pele... Quer também sua dignidade... E só agora vê como a perdeu... Quer aquele sorriso. Não um sorriso qualquer, mas aquele, meio de lado, meio tímido. Só se vendo para entender... Faz tanto tempo que não o vê, porque mesmo antes de tudo acabar ele havia sumido. Quer o querer dela, coisa que jamais teve, e, talvez por isso, quer tanto. Ah! Como quer esquecer... E Deus sabe como tenta!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010


[...] a realidade se retirou para o fundo a fim de deixar passar através de si, como a contraluz de si, o irreal. No palco encontramos, pois, coisas e pessoas que têm o dom da transparência. Através delas, como através de um cristal, transparecem outras coisas.

[...] que a vida humana não é, nem pode ser exclusivamente seriedade, que a vida humana é e tem que ser, por vezes, em certos momentos, "brincadeira", farsa; que por isso o Teatro existe e que o fato de haver Teatro não é pura casualidade. (Ortega)
The Girl With The Pearl Earring (1665) - Johannes Vermeer

[...] Sentiu pela primeira vez orgulho da sua mudança interior ao transformar a primeira decepção em alegria: descobriu quem eram as verdadeiras amigas, que apoiaram sua nova postura, em vez de julgar e torcer o nariz. As outras, que agora contavam vantagem com o dinheiro do marido (antigamente a grana era dos pais), ela enfiou numa bolsa velha e guardou numa gaveta esquecida. Aproximou-se daquelas que, como ela, agora caminhavam com as próprias pernas, e só com as pernas. Adeus restaurante da moda. Bye bye circuito cigarro-fofoca (“tá, sem exageros, de vez em quando é legal”). Nunca mais 1998. Afastou-se do minimundo onde se escondia desde o primeiro sutiã. Tudo sem preconceitos ou radicalismos. Se quisesse ir, ia. Se quisesse ver, via. Não tinha a menor intenção de ser uma neo-hippie de apartamento. Porém, firmou o toco. Em cada decisão, ouvia primeiro a própria razão e o coração. Simples assim. Dúvidas e tentações não faltaram. Difícil abrir mão de tudo a que estava acostumada e que, de certa forma, sempre lhe trouxera sensação de proteção, por mais superficial que fossem os antigos desejos e prazeres. Mas não dava mais. Queria consistência, realidade. Essencialmente, o que tinha conseguido era pouco. Por anos, tudo que fez foi seguir o fluxo. (Bruno Fernandes, "Baseado em fatos reais")

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Virtus est vitium fugere

fones de ouvido
saquinhos
romance
protetor labial
televisão
caixinhas
explicações
simetria
cigarro
hidratante
coca-cola
carinho
sono
álcool
ócio

sábado, 14 de agosto de 2010

Barulho

(melancholy, atomic, uranic idyll - Salvador Dali 1945)

O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo. O Martelo que prega o quadro na parede que separa o quarto da sala de estar do vizinho. Pego a furadeira faço milhões de furos no teto enquanto o liquidificador tritura o gelo o som no mais alto volume cena de perseguição na TV amigos relembram histórias do passado na dança o sapateado e tambores na varanda. Agora não ouço mais o martelo...

Nunca foi tarde

Ando pela rua a te chamar, mas na verdade, tanto faz. Porque visto as frases que você me de, mas elas não me servem mais. O que aconteceu com seu futuro que era o meu? Agora não adianta mais me responder. Nem venha me dizer. Quem passou do ponto onde era longe, e de que jeito era o certo. Porque minha dor sempre se esconde, mas nunca sai de perto. O que aconteceu com meu futuro que era o seu?

Eu não vou provar do seu antídoto que me salva e me condena a me encontrar perdido. Não preciso de você pra descobrir que a estrada infinita que tenho que seguir não leva a nada.
Começamos o fim... É assim. O melhor pra você, o melhor pra mim. Eu não voltaria mesmo e você não podia ter ficado aqui. Nunca foi tarde.

E hoje quando amanhece sol abro a janela para a chuva. Que coincidência: tua mão não cabe mais na minha luva. O que aconteceu com o futuro que morreu? Ou nunca existiu? Você nem olhou pras coisas que admiro. E nem me ouviu, mas era eu quem te chamava com meu último suspiro. O que aconteceu com o futuro que se perdeu? Nunca foi tarde. (Moska)

Trampolim

Você não sofre porque não sente o que eu sinto. Há um iceberg em você que eu tenho que derreter. Que tipo de piscina terá embaixo desse trampolim? Que pulo que eu vou ter que dar pra não me ferir? Porque acordar sem você é ficar cego no amanhecer. É assistir o fim do mundo, depois escurecer. E eu no meio disso tudo sem saber, que já estamos no início do que vamos ser.
(Moska)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Os generais e o futebol
Eduardo Galeano

Em pleno Carnaval da vitória de 70, o general Médici, ditador do Brasil, presenteou com dinheiro os jogadores, posou para os fotógrafos com o troféu nas mãos e até cabeceou uma bola na frente das câmaras. A marcha composta para a seleção, Pra frente Brasil, transformou-se na música oficial do governo, enquanto a imagem de Pelé voando sobre a grama ilustrava, na televisão, anúncios que proclamavam: Ninguém segura o Brasil. Quando a Argentina ganhou o Mundial de 78, o general Videla utilizou, com idênticos propósitos, a imagem de Kempes irresistível como um furacão.

O futebol é a pátria, o poder é o futebol: Eu sou a pátria, diziam essas ditaduras militares.

Enquanto isso, o general Pinochet, manda-chuva do Chile, fez-se presidente do Colo-Colo, time mais popular do país, e o general García Mesa, que havia se apoderado da Bolívia, fez-se presidente do Wilstermann, um time com torcida numerosa e fervorosa.

O futebol é o povo, o poder é o futebol: Eu sou o povo, diziam essas ditaduras militares.

A Autoridade
Eduardo Galeano


Em épocas remotas, as mulheres se sentavam na proa das canoas e os homens na popa. As mulheres caçavam e pescavam. Elas saíam das aldeias e voltavam quando podiam ou queriam. Os homens montavam as choças, preparavam a comida, mantinham acesas as fogueiras contra o frio, cuidavam dos filhos e curtiam as peles de abrigo.
Assim era a vida entre os índios onas e os yaganes, na terra do fogo, até que um dia os homens mataram todas as mulheres e puseram as máscaras que as mulheres tinham inventado para aterrorizá-los.
Somente as meninas recém-nascidas se salvaram do extermínio. Enquanto elas cresciam, os assassinos lhes diziam e repetiam que servir aos homens era seu destino. Elas acreditaram. Também acreditaram suas filhas e as filhas de suas filhas.

Amor diferente

Talvez eu precise aprender a amar diferente
A ter a pessoa comigo mesmo que distante
A me contentar com o menos palpável
Deliciar-me com pequenos momentos
E guardá-los para os outros instantes

Talvez seja necessário desaprender
E então reaprender para começar de novo
Novo que não precisa se parecer com o velho
Nem precisa assustar só por ainda ser desconhecido

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O que você faria se só te restasse esse dia?

E se fosse o último?

Dançaria
Beijaria
Atuaria
Cantaria
Abraçaria
Ensinaria
Aprenderia
Conversaria
Ouviria
Falaria
Riria
Viajaria
Aceitaria
Ajudaria
Amaria
Isso tudo
em um só dia?


“ Os dias demorariam um século pra passar,
ah isso que é viver!”
(moska)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O propósito da vida é a felicidade

A partir dessa perspectiva, passa a ser nossa tarefa descartar o que provoca sofrimento e acumular o que nos leva a felicidade. O método, a prática diária, envolve uma expansão gradual da nossa conscientização e entendimento do que realmente propicia a felicidade e do que não propicia.
Quando a vida se torna muito complicada e nos sentimos assoberbados, costuma ser útil dar um simples passo atrás e lembrar a nós mesmos qual é nosso propósito geral, nosso objetivo. Quando deparamos com uma sensação de estagnação e confusão, pode ser valioso tirar uma hora, uma tarde ou mesmo alguns dias para apenas refletir sobre o que de fato nos trará a felicidade, e então reordenar nossas prioridades com base nessa reflexão. Isso pode pôr nossa vida de volta no contexto adequado, permitir uma nova perspectiva e nos possibilitar ver que direção tomar.
De vez em quando, deparamos com decisões cruciais capazes de afetar toda a trajetória da nossa vida. Podemos, por exemplo, resolver que vamos nos casar, ter filhos ou iniciar estudos para nos tornarmos advogados, artistas ou eletricistas. A firme resolução de sermos felizes – de aprender sobre os fatores que conduzem à felicidade e de adotar medidas positivas para construir uma vida mais feliz – pode ser uma decisão exatamente desse tipo. A adoção da felicidade como um objetivo legítimo e a decisão consciente de procurar a felicidade de modo sistemático podem exercer uma profunda mudança no restante das nossas vidas.
O entendimento que o Dalai-Lama tem dos fatores que acabam propiciando a felicidade é baseado em toda uma vida de observação metódica da própria mente, de exames da natureza da condição humana e de investigação desses aspectos dentro de uma estrutura estabelecida pela primeira vez pelo Buda há mais de 25 séculos. E é a partir dessa tradição que o Dalai-Lama chegou a algumas conclusões explícitas sobre quais atividades e pensamentos são mais valiosos. Ele resumiu suas crenças nas seguintes palavras que podem ser usadas como uma meditação.

"Às vezes, quando me encontro com velhos amigos, lembro-me de como o tempo passa depressa. E isso faz com que eu me pergunte se utilizamos nosso tempo bem ou não. A utilização adequada do tempo é de extrema importância. Enquanto tivermos esse corpo e especialmente esse assombroso cérebro humano, creio que cada minuto é algo precioso. Nossa existência diária é repleta de esperança, embora não haja qualquer garantia quanto ao nosso futuro. Não há nenhuma garantia de que amanhã a esta hora estaremos aqui. Mesmo assim, trabalhamos para isso apenas com base na esperança. Portanto, precisamos fazer o melhor uso possível do nosso tempo. Creio que a melhor utilização do tempo é a seguinte: se for possível, servir aos outros seres sencientes. Se não for possível, pelo menos procurar não prejudicá-los. Creio que esta é toda a base da minha filosofia.
Logo reflitamos sobre o que realmente tem valor na vida, o que confere significado à nossa vida, e fixemos nossas prioridades com base nisso. O propósito da nossa vida precisa ser positivo. Não nascemos com a finalidade de causar problemas, de prejudicar os outros. Para que nossa vida tenha valor, creio que devemos desenvolver boas qualidades humanas, essenciais – o carinho, a bondade, a compaixão. Com isso nossa vida ganha significado e se torna mais tranqüila, mais feliz."

(Dalai-Lama e Howard C. Cutler)

Todo dia...


“eu quero correr mundo,
correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora...
E quero que você venha comigo”
(Caetano)

Me leve leve... Me leve com você!


Quero voar contigo
P'ruma outra dimensão
Me empreste suas asas
Ou venha comigo
Vamos anular o peso do corpo
E flutuar sobre as nuvens
Como bruxas montadas em vassouras
Na insustentável leveza do ser
Levitar sobre o peso de viver
(Moska)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pára tudo!


Belo Estranho Dia de Amanhã
(Lula Queiroga)

Notícias perderão todo o controle dos fatos
Celebridades cairão no anonimato
Palavras deformadas
Fotos desfocadas, vão atravessar o atlântico
Jornais sairão em branco
E as telas planas de plasma vão se dissolver
O argumento ficou sem assunto.

Vai ter mais tempo pra gente ficar junto
Vai ter mais tempo pra enlouquecer com você
Vai ter mais tempo pra gente ficar junto
Vai ter mais tempo pra enlouquecer...

Os políticos amanhecerão sem voz
O outdoor com as letras trocadas
Dentro do banco central o pessoal vai esquecer
Como é que assina a própria assinatura
E os taxistas já não sabem que rua pegar
Que belo estranho dia pra se ter alegria
E eu respondo e pergunto.

É só o tempo pra gente ficar junto
É só o tempo de eu enlouquecer por você
É só o tempo pra gente ficar junto
É só o tempo de eu enlouquecer...

Alarmes já pararam de apitar
O telefone celular descarregou
O aeroporto tá sem teto
E a moça da tv prevê silêncios e nuvens
A firma que eu trabalho faliu
E o governo decretou feriado amanhã no Brasil
Será que é pedir muito?

É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de eu enlouquecer com você
É só um jeito da gente ficar junto
É só um jeito de eu enlouquecer...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Balança



De um lado o medo da vida
A incerteza do futuro
A dor de ser

Do outro a tranqüilidade
A esperança no amanhã
A alegria de viver

Um pinta de negro
O que o outro colore
Enquanto um se perde
O outro não se deixa abater
Para um a esperança não morre
Mas o outro nem mesmo a viu nascer

Os dois lados se completam
Nem tão pesado, nem tão leve
Nunca tão claro e tão pouco tão escuro
E assim, mesmo com todo o frio do amanhecer
Haverá sempre o sol quente, que jamais deixa arrefecer

Deserto

Não há ninguém por perto, somente miragens, daquilo que procura e quer, mas não é real. NADA. Um imenso vazio cheio de areia clara. O sol esquenta os dias demasiadamente e a noite congela o coração. Espera encontrar um Oasis perdido na imensidão vazia. Caminha sempre, mas não sabe bem pra onde ir. Sem referência, pode estar andando em círculos, quem sabe? Sua figura é sempre a mesma, por mais que o tempo passe e a aridez do deserto a invada. Olha para o céu e, às vezes, vê a beleza de seu azul, mas nela não encontra a saída. De repente se vê cercada por espelhos, grandes, pequenos, espelhos. Não vê sua imagem, não vê nada. Ela é oca, e transparente. Corre, mas a areia fofa a puxa para baixo e rapidamente está cansada, suas pernas não a obedecem mais. Sonha com um banho de tinta preta. “É tudo tão claro aqui, que mal posso agüentar”, reclama em silêncio. Silêncio. Silêncio.

domingo, 18 de abril de 2010

Abril

"em terra de cego
quem tem um olho só,
todo mundo acha que é doido"
Pedaços

Se não sei ler, inventarei minhas próprias histórias
Se meu horizonte é curto, viajarei em pensamento
Se sinto muita sede, regarei o meu jardim
Se me castram as vontades, desejarei em silêncio
Se não enxergo tão longe, criarei o universo por detrás da cerca
Se o sol fere minha pele, aproveitarei intensamente a luz do luar
Se me obrigam a ser outro, serei eu dentro de mim
Se sobreviver me mata, viverei com aquilo que me resta
Se a vida me é curta, morrerei em paz.

sábado, 17 de abril de 2010

Renascimento

O Rio e o Oceano
Osho

Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguem pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tudo novo de novo...













Inspiração

Jovem inspiradora
Da inspiração jovem
Que inspira a juventude
A se inspirar a ser jovem
Jovem que me inspira
A inspiração jovial
Inspira-me a jovialidade
De inspirar outros jovens
As serem jovens inspiradores
Como a jovem inspiradora
Do meu ser jovial

segunda-feira, 29 de março de 2010

Desapego

Do Amor
Paulinho moska
Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor.Chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida,explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim,que o amor manifesta.A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita. O amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo?Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?Minha resposta? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido,a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.A vida do amor depende dessa interferência.A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor.É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa,como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.O amor, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro.A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Fala comigo...

O elevador

O guarda-chuva quebrado
A tempestade que cai implacável
Na bagunça do armário
A pilha de coisas que lembram o passado
E assim o novo fica velho
E parece tarde, mas ainda é dia
Os agasalhos estão todos em casa,
Em suas casas
O ônibus encharca a esperança
Emudece a criança que sonhava
E até o elevador pára
Balança, empurra, sacode,
Até que finalmente o alarme dispara
E tudo pode recomeçar.

terça-feira, 2 de março de 2010

"Tienen miedo del amor y no saber amar..."


Preciso Dizer Que Eu Te Amo

(Bebel Gilberto, Cazuza e Dé)

Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo tanto
E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser teu amigo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo tanto

Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando em cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O tempo não pára no porto, não apita na curva, não espera ninguém...

A Persistência da Memória - 1931 - Salvador Dalí
Quando a hora dobra em triste e tardo toque
E em noite horrenda vejo escoar-se o dia,
Quando vejo esvair-se a violeta, ou que
A prata a preta têmpora assedia;

Quando vejo sem folha o tronco antigo
Que ao rebanho estendia a sombra franca
E em feixe atado agora o verde trigo
Seguir o carro, a barba hirsuta e branca;

Sobre tua beleza então questiono
Que há de sofrer do Tempo a dura prova,
Pois as graças do mundo em abandono

Morrem ao ver nascendo a graça nova.
Contra a foice do Tempo é vão combate,
Salvo a prole, que o enfrenta se te abate.

(Soneto nº XII – William Shakespeare)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Tudo azul!

"É, eu vou pra Bahia, talvez volte qualquer dia. O certo é que eu tô vivendo, eu tô tentando. Nosso amor foi um engano."
(Cazuza)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Renascer

"Depois da onda pesada, a onda zen"
(Seu Jorge)


Epitáfio
Vinícius de Moraes

Aqui jaz o Sol
Que criou a aurora
E deu luz ao dia
E apascentou a tarde

O mágico pastor
De mãos luminosas
Que fecundou as rosas
E as despetalou

Aqui jaz o Sol
O andrógino meigo
E violento, que

Possuiu a forma
De todas as mulheres
E morreu no mar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Porque o tempo, o tempo não pára...




Tempos Modernos
Lulu santos

Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima de um muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear

Eu vejo a vida mais clara e farta
Repleta de toda satisfação
Que se tem direito do firmamento ao chão

Eu quero crer no amor numa boa
Que isso valha pra qualquer pessoa
Que realizar, a força que tem uma paixão

Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não

Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir...

sábado, 9 de janeiro de 2010

Eclipse

"Eu só errei quando juntei minh'alma a sua
O sol não pode viver perto da lua"

(Nelson Cavaquinho/Alcides Caminha/Guilherme de Brito )

Solua

Tão diferentes e tão iguais.
Por serem diferentes, se completam,
Por serem iguais, se entendem.
Machucam-se sabendo exatamente qual arma usar
E se desrespeitam por não saberem muito bem
Onde termina um e começa o outro.

Relação cansativa, tensa e complexa,
Mas também intensa, quente e bela.
Na memória, o tempo em que estavam lado a lado,
No presente, a distância irreversível.
Enquanto um desperta ao som do rouxinol,
O outro só acorda ao canto da cotovia.

Separados por uma imensidão de sentimentos,
Condenados pelo crime do amor demais.
Às vezes se olham de longe,
Sonham, acordados ou não,
Mas sabem, como ninguém, que a beleza desse amor
Está somente no que ele poderia ter sido, mas nunca será.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Falando em contos de fadas...
















A Dustland Fairytale(link)
The Killers

Sui generis














Jeito de mulher forte,
Mas também é menina doce, amável.
Não que ela seja duas,
É uma e única.
De tão simples e pura
Almeja sempre,
E sem pensar,
Fertilizar corações
Fatalmente estéreis.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

"Tudo vai ser diferente..."

“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante vai ser diferente”.

Carlos Drummond de Andrade

Supernova


A explosão de uma estrela como uma supernova dependerá de vários fatores. É um processo complexo e pode levar a dois resultados finais diferentes, a formação de uma estrela de neutrons ou a formação de um buraco negro.