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[...] Sentiu pela primeira vez orgulho da sua mudança interior ao transformar a primeira decepção em alegria: descobriu quem eram as verdadeiras amigas, que apoiaram sua nova postura, em vez de julgar e torcer o nariz. As outras, que agora contavam vantagem com o dinheiro do marido (antigamente a grana era dos pais), ela enfiou numa bolsa velha e guardou numa gaveta esquecida. Aproximou-se daquelas que, como ela, agora caminhavam com as próprias pernas, e só com as pernas. Adeus restaurante da moda. Bye bye circuito cigarro-fofoca (“tá, sem exageros, de vez em quando é legal”). Nunca mais 1998. Afastou-se do minimundo onde se escondia desde o primeiro sutiã. Tudo sem preconceitos ou radicalismos. Se quisesse ir, ia. Se quisesse ver, via. Não tinha a menor intenção de ser uma neo-hippie de apartamento. Porém, firmou o toco. Em cada decisão, ouvia primeiro a própria razão e o coração. Simples assim. Dúvidas e tentações não faltaram. Difícil abrir mão de tudo a que estava acostumada e que, de certa forma, sempre lhe trouxera sensação de proteção, por mais superficial que fossem os antigos desejos e prazeres. Mas não dava mais. Queria consistência, realidade. Essencialmente, o que tinha conseguido era pouco. Por anos, tudo que fez foi seguir o fluxo. (Bruno Fernandes, "Baseado em fatos reais")
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