sábado, 25 de setembro de 2010

Levitar

Às vezes me parece que um pouco de calmaria, paz, tranqüilidade, sossego, só é possível na solidão. Coração palpitando demais é sinal de aflição, ansiedade, desconforto. Às vezes é preciso fazer com que ele pulse lento, para descansar. O difícil é perceber isso, entender que ficar sozinho não é ruim, não é sinal de tristeza, fracasso, ou de que há algo errado. Quem foi o idiota que disse que o “feliz para sempre” tem que ser acompanhado? Porque não ser feliz para sempre consigo mesmo? Assim, as pessoas poderiam ir e vir sem que carregassem o peso de serem responsáveis pela felicidade, ou não, do outro. Assim, haveria mais tolerância, menos pressão, menos incomodo. Mais leveza!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Planeje ser pêgo de surpresa!

"Estamos sempre planejando coisas. Planejamos o que vamos fazer na faculdade, onde vamos trabalhar. Planejamos a festa que vamos ir no próximo sábado. Planejamos aquela viagem, aquela dos nossos sonhos e pensamos em tudo (onde vamos ficar, os passeios que vamos fazer, quando vamos voltar), para que nada dê errado. Planejamos nos casar na igreja de véu e grinalda, ou então numa praia ou em qualquer outro lugar.
E planejamos até a pessoa com quem vamos nos casar. Ele tem que ser bonito, fiel, divertido, alto, perfeito. Um verdadeiro príncipe encantado. Planejamos o nosso dia assim que acordamos. Levantar, tomar café, escovar os dentes, ir pra escola, almoçar, sair com os amigos e assim até a hora de dormir.
Planejamos muitas coisas durante o dia e durante a nossa vida. Só esquecemos que essas coisas mudam e que nem tudo é do jeito que a gente imagina. De uma hora pra outra, tudo pode mudar. Nossos sonhos podem mudar, nossos rumos, nossas ideias. Tudo.
Ao virar uma esquina as coisas mudam, ao pegar outro ônibus as coisas mudam, ao abrir os olhos e levantar da cama tudo muda. Nós mudamos. Em um instante tudo pode dar errado, mas talvez depois a gente perceba que esse era o jeito certo de as coisas acontecerem.
Então, planeje. Planeje sua vida, planeje seu futuro, planeje o que você vai fazer amanhã. Só não esqueça de planejar ser pego de surpresa. Pois num piscar de olhos, sua vida pode mudar." (Eu, meu irmão e nossa namorada)

Dois na solidão

Com quantas qualidades se faz um motivo de orgulho? Que qualidades são essas? São minhas ou são suas? Talvez tenha nascido pra ser algo que nunca será. E o medo é grande de decepcionar quem se ama. Seu único grande e verdadeiro amor, só ele importa, nada e ninguém mais. Perceber que nunca será digno daquilo que dele recebe, dói. Querer alcançar o modelo ideal não basta, sonhar com ele por anos não é o suficiente. Ele está cada vez mais distante. Nunca o viu de perto, mas agora não vê nem ao menos seu vulto. Assim, se afasta do amor maior, que também está cada vez mais longe, e, às vezes, a saudade faz parecer que não está mais aqui. Quer recuperar, mas não sabe como, e, simplesmente, não se acha merecedor. Então, se tranca em seu mundo secreto, tão perto e tão longe, sonhando com o momento em que poderá senti-la mais uma vez, como no primeiro dia. Não é bom pra ninguém que seja assim, o amante e o ser amado padecem, se distanciam e se isolam. Choram em segredo, sofrem sem palavras e rezam para que ainda não seja tarde demais.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mais uma bela canção...

Todo amor que houver nessa vida

(Cazuza)


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia


E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia


E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não


Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Inoportuna
(Jorge Drexler)

Quien no lo sepa ya

lo aprenderá de prisa:
la vida no para,

no espera, no avisa.
Tantos planes, tantos planes
vueltos espuma
tu, por ejemplo,
tan a tiempo
y tan
inoportuna


Eran más bien los días
de arriar las velas.
Toda señal a mi alrededor
decía: cautela.
Cuánta estrategia incumplida
aquella noche sin luna
tu, por ejemplo,
tan bienvenida
y tan
inoportuna


¿Quien sabe cuándo,
cuándo es el momento de decir: ahora?
Si todo alrededor te está gritando:
¡Sin demora, sin demora!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Às vezes é preciso...

A gente “segura a onda”, mas às vezes é preciso chorar. É preciso admitir: perdi! Fiz algo de errado ou não fui boa o bastante. Pensamentos bobos que não são reais, não fazem sentido, mas existem e é bom olhar pra eles e chorar. Melhor que, mais uma vez, tentar ser racional e ver que, simplesmente, não deu certo, não era pra ser, que se merece algo mais, ou foi melhor assim... Porque no fundo você sabe que não foi...Você quer tudo de novo, quer mais uma chance, quer ela de volta! Seja como for. Quer aquele sonho, aquela pessoa que, na verdade, não existe, mas por quem você se apaixonou. Quer de volta aquele olhar, aquele beijo, aquele carinho, que por menor que parecesse naquele tempo, agora parece muito. E esse muito parecia tão pouco... Quer o cheiro de volta, a vontade de te ver de volta, a pele... Quer também sua dignidade... E só agora vê como a perdeu... Quer aquele sorriso. Não um sorriso qualquer, mas aquele, meio de lado, meio tímido. Só se vendo para entender... Faz tanto tempo que não o vê, porque mesmo antes de tudo acabar ele havia sumido. Quer o querer dela, coisa que jamais teve, e, talvez por isso, quer tanto. Ah! Como quer esquecer... E Deus sabe como tenta!


quarta-feira, 1 de setembro de 2010


[...] a realidade se retirou para o fundo a fim de deixar passar através de si, como a contraluz de si, o irreal. No palco encontramos, pois, coisas e pessoas que têm o dom da transparência. Através delas, como através de um cristal, transparecem outras coisas.

[...] que a vida humana não é, nem pode ser exclusivamente seriedade, que a vida humana é e tem que ser, por vezes, em certos momentos, "brincadeira", farsa; que por isso o Teatro existe e que o fato de haver Teatro não é pura casualidade. (Ortega)
The Girl With The Pearl Earring (1665) - Johannes Vermeer

[...] Sentiu pela primeira vez orgulho da sua mudança interior ao transformar a primeira decepção em alegria: descobriu quem eram as verdadeiras amigas, que apoiaram sua nova postura, em vez de julgar e torcer o nariz. As outras, que agora contavam vantagem com o dinheiro do marido (antigamente a grana era dos pais), ela enfiou numa bolsa velha e guardou numa gaveta esquecida. Aproximou-se daquelas que, como ela, agora caminhavam com as próprias pernas, e só com as pernas. Adeus restaurante da moda. Bye bye circuito cigarro-fofoca (“tá, sem exageros, de vez em quando é legal”). Nunca mais 1998. Afastou-se do minimundo onde se escondia desde o primeiro sutiã. Tudo sem preconceitos ou radicalismos. Se quisesse ir, ia. Se quisesse ver, via. Não tinha a menor intenção de ser uma neo-hippie de apartamento. Porém, firmou o toco. Em cada decisão, ouvia primeiro a própria razão e o coração. Simples assim. Dúvidas e tentações não faltaram. Difícil abrir mão de tudo a que estava acostumada e que, de certa forma, sempre lhe trouxera sensação de proteção, por mais superficial que fossem os antigos desejos e prazeres. Mas não dava mais. Queria consistência, realidade. Essencialmente, o que tinha conseguido era pouco. Por anos, tudo que fez foi seguir o fluxo. (Bruno Fernandes, "Baseado em fatos reais")