terça-feira, 19 de outubro de 2010

Blues da Piedade

(Frejat/Cazuza)

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas


Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm


Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia


Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada


Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem


Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça


Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Quando a Chuva Passar

(Ramón Cruz)














Pra que falar? Se você não quer me ouvir. Fugir agora não resolve nada, mas não vou chorar se você quiser partir. Às vezes a distância ajuda e essa tempestade, um dia, vai acabar. Só quero te lembrar de quando a gente andava nas estrelas, nas horas lindas que passamos juntos. A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza, a nossa história não termina agora e essa tempestade um dia vai acabar. Quando a chuva passar, quando o tempo abrir, abra a janela e veja: Eu sou o Sol. Eu sou céu e mar. Eu sou seu e fim e o meu amor é imensidão. Só quero te lembrar de quando a gente andava nas estrelas. Nas horas lindas que passamos juntos. A gente só queria amar e amar e hoje eu tenho certeza, a nossa história não termina agora, pois essa tempestade, um dia, vai acabar.

Outro trem

Vou pegar o primeiro trem,
pra qualquer lugar no futuro.
É melhor esperar sozinha
e mesmo que demore vou ficar aqui comigo.
Pra não me perder.

















Não importa pra onde vai o trem,
desde que vá pra longe.
Espero que os queridos também estejam lá,
quando eu chegar.
Talvez demore um pouco,
mas posso ir apreciando o caminho.

Dado mágico


Existem momentos em que a gente deseja poder jogar um dado mágico e descobrir o caminho certo a seguir. Algumas pessoas acreditam que o caminho certo é o do coração, escutar o coração seria o melhor, ele tem todas as respostas. Mas é difícil acreditar nele, quando já se foi levado a sofrer tanto por escutá-lo. Então, escutemos a razão. O que é mais prudente? Qual é o caminho mais fácil e, provavelmente, menos colorido? Pensando assim fica fácil a resposta: a solidão. Simples, porém vazia. Nela se encontra a paz, uma paz triste, mas paz. Não há brigas, questionamentos, ciúmes, inveja, traição, desilusão. Mas há vazio, não há cor, alegria, risos, beijos, carinho, olhares, colo, abraço. A solidão é como um dia de feriado chuvoso, cinza, quando não se tem vontade de sair de casa, há um silêncio ensurdecedor lá fora e aqui dentro. Pode se ouvir os passarinhos, mas não se tem vontade de ir vê-los. Como alguém poderia ser louco o bastante pra escolher esse caminho? Mas é que dizem que com o tempo você se acostuma com esse silêncio, com esse vazio, e aí tudo fica mais tranqüilo. Você aprende a viver de outro jeito, mais independente, se transforma em uma pessoa e não em parte de alguém ou de algo que sente. E o melhor disso tudo é que, dizem, que quando se encontra seu eu o coração começa a bater diferente, mais livre, mais destemido, mais feliz. Nesse momento, e só nesse momento, é que tudo pode recomeçar. Aí sim alguém pode surgir pra completar um ser que já é inteiro. Porque sua outra metade está sempre dentro de você, não pode ser encontrada do lado de fora. É preciso procurá-la, e pra isso serve a solidão.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Soledad
(jorge Drexler)

Soledad
Aqui están mis credenciales
Vengo llamando a tu puerta
Desde hace un tiempo
Creo que pasaremos juntos temporales
Propongo que tú y yo nos vayamos conociendo.

Aquí estoy
Te traigo mis cicatrices
Palabras sobre papel pentagramado
No te fijes mucho en lo que dicen
Me encontrará
En cada cosa que he callado

Ya pasó
Ya he dejado que se empañe
La ilusión de que vivir es indoloro
Que raro que seas tú
Quien me acompañe, soledad
A mi que nunca supe bien
Cómo estar solo