segunda-feira, 29 de março de 2010

Desapego

Do Amor
Paulinho moska
Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor.Chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida,explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim,que o amor manifesta.A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita. O amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo?Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?Minha resposta? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido,a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.A vida do amor depende dessa interferência.A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor.É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa,como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.O amor, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro.A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Fala comigo...

O elevador

O guarda-chuva quebrado
A tempestade que cai implacável
Na bagunça do armário
A pilha de coisas que lembram o passado
E assim o novo fica velho
E parece tarde, mas ainda é dia
Os agasalhos estão todos em casa,
Em suas casas
O ônibus encharca a esperança
Emudece a criança que sonhava
E até o elevador pára
Balança, empurra, sacode,
Até que finalmente o alarme dispara
E tudo pode recomeçar.

terça-feira, 2 de março de 2010

"Tienen miedo del amor y no saber amar..."


Preciso Dizer Que Eu Te Amo

(Bebel Gilberto, Cazuza e Dé)

Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo tanto
E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser teu amigo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo tanto

Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando em cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira